PERDÃO JUVENTUDE BRASILEIRA
Publicado em 17/08/2021 13:24:22
Todos temos que pedir perdão aos nossos jovens pela educação de qualidade que não recebem.
Há mais de 30 anos luto por educação, por entender que é a única opção para o futuro de nossos jovens. Comecei em 1966, como presidente do Grêmio Estudantil da E.E. Inácio Montanha e no movimento estudantil na união de estudantes.
Na década de 1980, iniciei, com minhas filhas na E.E. Presidente Roosevelt-POA/RS a participar do CPM, acabei por presidi-lo e, por acreditar na força da comunidade junto com um grupo de idealistas, a fundar e presidir a Federação dos CPMs/APMs e o Conselho Sulamericano. Fui palestrante no Brasil e países do Mercosul, sem cargos remunerados, levando as propostas dos pais adiante. Conseguimos fazer os governos implantarem o estudo da língua espanhola no Brasil e o português nos países de língua espanhola, na década de 1990. Mostrando que a força está nas comunidades escolares e não nos governos. Conquistamos em 1995 o programa Dinheiro Direto na Escola, com recursos do MEC direto aos CPMs/APMs, programa que subsiste até hoje.
Fiz este relato para mostrar que se os pais quiserem conseguem transformar a educação.
Hoje tenho consciência que o poder econômico e político destruiu essas estruturas. As lideranças de entidades virtuais, aceitaram benesses de governos, CCs, cargos remunerados em Conselhos de Educação, enfim sucumbiram a governos, ao poder político.
Hoje com a pandemia dois anos letivos estão destruídos, nossos estudantes vivendo uma educação remota de faz de conta, sem perspectivas de futuro e um país que terá uma força de trabalho descapacitada daqui a 10 ou 20 anos. Estados e Municípios (com honrosas exceções) fecharam irresponsavelmente todas as escolas e passaram todos por decreto. Os pais com medo, as escolas reabrindo timidamente, professores em home office. 2 anos perdidos!
Governantes querendo passar a responsabilidade ao governo Federal, ao MEC, quando a decisão de fechar tudo foi do STF, governadores e prefeitos.
Um exemplo é o RS, onde em meio a pandemia depois tudo fechado, o Secretário de Educação saiu e foi para seu posto de Deputado na Assembleia Legislativa e o governador entendendo que não existiam pessoas qualificadas aqui no estado importou uma Secretaria de Educação. Foi a capitulação final.
No ensino superior todos felizes, alunos e professores, a maioria em home office, imaginem os profissionais que serão formados nesse país.
Peço desculpas a todos os jovens brasileiros que querem ser alguém, ter um futuro e aos cerca de 25% que abandonaram as escolas, pela nossa omissão como sociedade, tirando seus futuros, mas como dizem o importante é “salvar vidas”.
Jocelin Azambuja - advogado – Ex-presidente da Comissão de Educação da OABRS
Publicado no Jornal do Comercio em 28/07/2021
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